Nesta época, já estava em meu último ano de faculdade, e minha Monografia se ocupou inevitavelmente de tema na área de Filosofia do Direito - disciplina que para alguns encerra um grande antagonismo, a começar do título. E isso sempre me causou estranheza. Nunca compreendi como as pessoas podiam passar suas vidas sem entender, ou simplesmente dialogar com os próprios valores. Até hoje, na verdade, me percebo em confronto direto ou indireto com este fato, sendo que somente recentemente vim a aceitar - único verbo que me restou possível - a máxima dita por Laclos há muito: "A maioria das pessoas renunciaria aos seus próprios prazeres, se estes lhe custassem a fadiga de uma reflexão"... E depois de muita briga inútil, muito esforço que, hoje sei, não me traria - como de fato não me trouxe - nenhum resultado, pelo menos não o esperado.
Não irei me estender muito no caminho que me levou até este blog, pois sua narrativa iria nos desviar da essência do que quero efetivamente registrar nesta primeira postagem, e que é simplesmente o registro de minha perplexidade, que em parte se tornou o sentido oposto de minha jornada até então:
Vivemos a esmo; não sabemos quem somos, do que somos feitos; se a humanidade é Efeito de algo, desconhecemos a Grande Causa. E, a princípio, digo isso sem qualquer conotação religiosa e/ou espiritual. Não estamos conscientes quando agimos, nem refletimos posteriormente sobre nossas ações. E quando o fazemos, nos deparamos com uma casa tão bagunçada, que raramente nos estimulamos a empreender novos esforços neste sentido, talvez por sequer saber por onde começar. Conhecer nossa miséria é experiência para alguns tão penosa, que estes acabam tornando-se vítimas de si mesmos.
Entendo que a miséria humana é real, bem como a dor que é seu inevitável consequente. Mas ela não é nossa inimiga, nem motivo para olharmos o caminho como a grande ignomínia que Deus pronuncia sobre nós. Antes e ao contrário: Ela é a grande consoladora. Correto estava o poverello quando a tudo tinha por irmão: Irmão Sol, Irmã Morte.... Irmã Dor! A dor é a grande irmã - sem qualquer referência ao Big Brother aqui, por favor!
Bom, resumindo, foi empreendendo esse caminho que acabei topando - na verdade fui muito bem encaminhado por meu saudoso pai - com a Teosofia, que, propedeuticamente, pode ser definida como Estudo de Religião Comparada - as verdadeiras religiões, as ancestrais, leia-se.
Sempre gostei de filosofia, como já deve estar se tornando nítido. A Teosofia só veio tornar mais forte essa postura questionadora da qual a Filosofia talvez seja o grande advento. E o propósito deste blog, inicialmente, é, humildemente, tornar-se o repositório das dúvidas e indagações de alguém que, após algumas vivências e vários livros que considerou bons - muito, muito bons -, considera que a Vida é Sagrada, que o Sagrado é Vivo, e preenche o espaço de cada ato; que a evolução é um resultado intrínseco a todo movimento vivo - e tudo é vivo. E que nesse sentido, descobrir-se é, no fim das contas, descobrir o Sagrado que em nós Habita, a Força que redime, a Essência Egrégia da forma.
Não acredito, contudo, no excesso de austeridade que as Religiões propagam, embora admita ser esta característica deveras útil para que muitos encontram um norte, um caminho, um regramento. Mas ela é um estágio: Cientes da Glória que é o destino de toda a vida no Universo, não podemos outra coisa fazer senão viver com extrema alegria, jubilosos em fazer parte de um Plano que a todo instante se cumpre na Perfeição que nos é anunciada, abandonando assim fardos e posturas que agora se mostram desnecessários. A Religião deve conduzir ao bem estar, à alegria, à leveza e à beleza da vida.
Neste sentido, será este blog meu espaço - e seu também, caro leitor - para, tomado por esta alegria e esta confiança da Divindade de que somos feito, tratar de todos os assuntos possíveis - do Sagrado ao profano, do luxo ao lixo - à luz da Teosofia, Filosofia, e de tantas outras ciências que estudam a alma humana - TEO E OUTRAS SOFIAS.
Bem vindo. Esse espaço é nosso. Porque o Sagrado é aqui e agora - "O Reino dos Céus está dentro do homem".